Na grande final do primeiro Mundial de Clubes da FIFA no novo formato, os campeões da Liga dos Campeões da UEFA, Paris Saint-Germain, enfrentaram o Chelsea, vencedor da Liga Conferência da UEFA, em um confronto entre duas potências europeias—ambas com campanhas impressionantes ao longo do torneio.
O Paris Saint-Germain chegou à final com números dominantes: cinco vitórias em seis partidas, incluindo três vitórias expressivas por 4–0, demonstrando o formidável poder ofensivo do time francês. Sua única derrota veio nas mãos do time brasileiro Botafogo na fase de grupos. Mesmo assim, a forma recente do PSG em jogos eliminatórios havia sido extraordinária: em suas últimas cinco partidas eliminatórias em todas as competições, eles conquistaram cinco vitórias com um placar combinado de 18–0—um número que fala por si.
O Chelsea, por outro lado, também registrou cinco vitórias com apenas uma derrota, que também veio contra um time brasileiro—o Flamengo. Embora seu ataque tenha se mostrado eficaz, o time inglês mostrou sinais de fragilidade defensiva, sofrendo cinco gols durante o torneio—quatro a mais que o PSG, que permitiu apenas um.
Segundo as projeções da Opta Analyst, o time francês entrou na final como favorito claro, com 64,4% de chance de vencer o título mundial contra 35,6% do Chelsea. A partida também fez história como a primeira final de uma grande competição masculina de futebol entre clubes da Inglaterra e França—um clássico europeu sem precedentes no auge do esporte.
O Chelsea fez algumas mudanças no time que enfrentou o Fluminense nas semifinais. A equipe se alinhou em formação 4-2-3-1, com Reece James começando no lugar de Nkunku, enquanto Colwill retornou ao time após cumprir suspensão.
O Paris Saint-Germain, por sua vez, manteve sua confiável formação 4-3-3, escalando os mesmos 11 titulares que entregaram uma vitória dominante por 4–0 sobre o Real Madrid.
Resumo da Partida
Como esperado de uma final desta magnitude, a partida começou em ritmo frenético. Nos primeiros 10 minutos, o Chelsea saiu agressivamente, pegando o PSG de surpresa com alta pressão e intensidade. Durante esse período, o time inglês registrou dois chutes, um deles um esforço perigoso de Cole Palmer. Essa tentativa teve um valor de gols esperados (xG) de 0,12, segundo o FotMob—uma estatística que estima a probabilidade de um gol baseada na qualidade do chute.
Palmer voltaria ao centro das atenções no minuto 22, desta vez encontrando o fundo da rede com um gol deslumbrante. Notavelmente, o xG para o chute foi de apenas 0,09, destacando a dificuldade da finalização e sublinhando a qualidade da jogada.
O jovem atacante não havia terminado. Cole Palmer, em forma inspirada, marcou novamente no minuto 30, dobrando sua contagem e invertendo o momentum da partida. Com o PSG inicialmente visto como favorito pesado, a maré havia claramente mudado. Em apenas 30 minutos, Palmer havia feito três chutes e marcado dois gols—uma performance clínica no maior palco.
Mas a dominância do Chelsea não parou por aí. No minuto 43, o atacante brasileiro João Pedro adicionou um terceiro, finalizando um chip delicado sobre o goleiro após uma assistência perfeitamente cronometrada de Cole Palmer. A jogada teve um valor de xG no alvo (xGOT) de 0,82—uma métrica avançada que vai além do xG ao avaliar a qualidade do chute após ser executado. O xG original para a chance era de 0,49, fazendo o salto no xGOT um testemunho da finalização excepcional de João Pedro.
Apesar de estar perdendo por 3–0 no intervalo, o PSG na verdade dominou a posse de bola, mantendo 70% da bola e completando impressionantes 345 passes com 91% de precisão. O Chelsea, em contraste, completou apenas 126 passes com taxa de 79%. No entanto, enquanto o time francês controlava o ritmo, eles lutavam para criar perigo, conseguindo apenas dois chutes—ambos defendidos por Robert Sánchez. O Chelsea, entretanto, prosperava em momentos de transição, registrando seis chutes, três dos quais no alvo—e todos os três terminaram na rede.
O segundo tempo começou com o Chelsea não registrando um único chute nos primeiros 15 minutos, enquanto o time francês conseguiu quatro tentativas—três delas no alvo. Um momento de destaque veio no minuto 52, quando Ousmane Dembélé fez um chute de perto com xG de 0,25. No entanto, o goleiro do Chelsea Robert Sánchez, um dos destaques da partida, fez uma defesa brilhante para preservar o clean sheet.
No minuto 67, João Pedro foi substituído por Liam Delap, que quase fez impacto imediato. Apenas um minuto após entrar, ele desferiu um chute poderoso de longa distância—uma chance extremamente difícil, com xG de apenas 0,05 e xGOT de 0,28. O chute foi defendido pelo goleiro italiano Gianluigi Donnarumma.
Mais tarde, no minuto 80, Delap teve uma oportunidade inacreditável de selar o jogo. O goleiro do Chelsea Robert Sánchez lançou uma bola longa por cima, preparando Delap em situação de um contra um com apenas o goleiro para vencer. A chance tinha um valor de gols esperados de 0,63. No entanto, uma finalização ruim do jovem atacante, combinada com o excelente posicionamento de Donnarumma, manteve o placar em 3–0.
A partida apresentou vários momentos acalorados entre jogadores de ambos os lados. As tensões explodiram já no primeiro tempo, notadamente entre Fabián Ruiz e Cole Palmer. Um dos confrontos mais contenciosos foi entre o lateral-esquerdo do Chelsea Marc Cucurella e o meio-campo do PSG João Neves. Em um incidente, Neves foi pego puxando o cabelo de Cucurella—um gesto considerado conduta violenta pelo árbitro, que expulsou o meio-campista português com cartão vermelho direto no minuto 85.
O PSG mais uma vez dominou a posse de bola no segundo tempo, embora ligeiramente menos que no primeiro. Eles controlaram 62% da bola e mostraram melhora marcante em seu jogo ofensivo, registrando três vezes mais chutes do que haviam feito nos primeiros 45 minutos. Apesar dessa onda, o PSG não conseguiu encontrar a rede, com todos os quatro de seus chutes no alvo defendidos pelo excepcional Robert Sánchez.
A partida terminou com uma vitória surpreendente de 3–0 para o Chelsea—um resultado inesperado considerando sua menor posse de bola (34%) e significativamente menos passes completados (243 comparado aos 544 do PSG). Apesar de ver menos da bola, o Chelsea provou ser mais clínico tanto no ataque quanto na defesa.
O goleiro do Chelsea Robert Sánchez foi instrumental na vitória, defendendo todos os seis chutes no alvo do PSG e fornecendo segurança e confiança para sua equipe ao longo da partida.
O claro homem da partida foi Cole Palmer. O meio-campista esteve diretamente envolvido em todos os três gols do Chelsea—marcando duas vezes e dando uma assistência. Ele completou 50% de seus chutes (2 no alvo de 4 tentativas), teve 48 toques na bola, e perdeu a bola apenas uma vez—destacando seu controle de bola impecável. Palmer também liderou sua equipe em dribles bem-sucedidos, chutes e passes-chave, cimentando seu status como figura-chave no triunfo do Chelsea.
No lado do PSG, João Neves se destacou apesar de ter sido expulso. O meio-campista português completou 39 de 40 passes, venceu 12 de 15 duelos terrestres, e liderou todos os jogadores em ações defensivas (empatado com Gusto e Beraldo) e desarmes.
Análise Tática
Embora o Chelsea tenha começado a partida com alta pressão, a pressão do PSG ao longo do jogo foi implacável. O time parisiense forçou 16 saídas de bola do Chelsea, que inteligentemente confiou em bolas longas para escapar da pressão. Essa estratégia deu certo, já que ambos os gols iniciais do Chelsea resultaram de passes longos diretos.
O primeiro gol veio de um chute longo do goleiro Robert Sánchez—sob pressão de Dembélé—encontrando Gusto na direita, que então assistiu Palmer. O segundo gol seguiu um padrão similar, com o zagueiro Colwill entregando uma bola longa para Palmer, que marcou novamente.
A intensidade da pressão do PSG é claramente visível no mapa de zona PPDA (Passes Por Ação Defensiva). Neste tipo de visualização, quanto mais vermelho a zona, maior a pressão defensiva; quanto mais azul, menor o índice e menor a pressão.
PPDA do PSG por zona contra o Chelsea.
A imagem mostra claramente que em três quartos do campo, o PSG permitiu ao Chelsea muito poucos passes antes de aplicar pressão defensiva—um testemunho de como sufocante era sua estrutura de pressão.
Com a bola, o PSG exibiu variações táticas intrigantes. Na construção de jogo, os zagueiros eram consistentemente apoiados por Vitinha, que liderou a partida em toques (115) e quebras de linha completadas (27). O meio-campista completou 91 dos 544 passes precisos do time francês, representando aproximadamente 16,7% do total—uma clara indicação de sua influência no jogo. Esse impacto é ainda mais destacado pela distância que ele percorreu durante a partida: 11.879 metros, liderando o time. Sua maestria em controlar o campo é evidente, como mostrado no mapa de calor abaixo.
Mapa de calor do Vitinha mostrando sua extensa cobertura e influência.
Os laterais estavam altamente envolvidos ofensivamente—especialmente Hakimi na direita, que frequentemente operava como ponta. Esse movimento frequentemente causava Doué, o ponta-direita original, a se deslocar para áreas centrais. A imagem abaixo ilustra essa dinâmica claramente.
Movimento ofensivo do Hakimi e deslocamento central do Doué.
Outro destaque tático importante foi o papel de Pedro Neto (destacado em azul). Embora atacante por ofício, o ponta português foi essencial no esquema defensivo do Chelsea, frequentemente recuando para conter as sobreposições de Hakimi e impedir o PSG de criar superioridade numérica naquela lateral.
Além disso, o meio-campo do Chelsea mostrou uma forma bem estruturada: Caicedo (central) e Reece James (direita) mantiveram posições mais profundas, enquanto Enzo Fernández (esquerda) empurrou mais para cima. O diagrama da rede de passes da equipe ilustra efetivamente essa estrutura.
Rede de passes do Chelsea mostrando estrutura do meio-campo.
A jogada abaixo, que aconteceu apenas minutos antes do primeiro gol, destaca ainda mais o posicionamento dos meio-campistas. Reece James, que tipicamente operava como lateral-direito, é visto assumindo um papel de meio-campo no lado direito, enquanto Enzo Fernández empurra para frente, contribuindo mais ativamente na fase ofensiva da equipe.
Posicionamento do meio-campo do Chelsea antes do primeiro gol.
Conclusão
Contra todas as probabilidades, o Chelsea emergiu como campeão do inaugural Mundial de Clubes da FIFA no novo formato, derrotando os favoritos do torneio Paris Saint-Germain por 3–0 em uma final marcada por eficiência, disciplina tática e brilho individual.
Apesar de entrar na partida com apenas 35,6% de chance de vencer—segundo as projeções da Opta Analyst—o Chelsea surpreendeu o mundo do futebol com um primeiro tempo dominante, capitalizando transições e passes longos com efeito devastador. A performance excepcional de Cole Palmer, com dois gols e uma assistência, e as heroicas de Robert Sánchez no gol, foram cruciais para selar a vitória.
O PSG, apesar de sua forte campanha e domínio estatístico na posse de bola e passes, não conseguiu romper a defesa resiliente do Chelsea. Os parisienses ficarão para refletir sobre chances perdidas e um cartão vermelho que selou seu destino.
O triunfo inesperado do Chelsea reforça a imprevisibilidade do futebol e destaca a importância da estratégia, eficiência e aproveitamento de momentos-chave. Nesta primeira edição histórica do Mundial de Clubes reformulado, os Blues ficam sozinhos no topo do mundo.
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