A esperança brasileira na competição, o Fluminense, continua surpreendendo a todos. Após superar a Inter de Milão nas oitavas de final com apenas 15,4% de chance de avançar, e depois eliminar o Al Hilal nas quartas de final apesar de apenas 40,2% de probabilidade, o clube carioca abraçou o papel de azarão — e seu confronto semifinal com o poderoso Chelsea não foi exceção.
Segundo o supercomputador da Opta, o Chelsea tinha 81,3% de chance de chegar à final, tornando o time inglês o favorito esmagador. Ainda assim, o Fluminense entra na semifinal invicto, com três vitórias e dois empates, consistentemente desafiando as expectativas.
Para esta partida crucial, o Fluminense se alinha em formação 3-5-2, mas estará sem dois jogadores importantes devido a suspensões: o zagueiro Freytes, uma pedra angular de sua defesa, e o meio-campo Martinelli, que marcou o gol de abertura contra o Al Hilal. Seus substitutos são o zagueiro Thiago Santos e o meio-campo Hércules, que marcou duas vezes nos últimos dois jogos e entra no lugar de Martinelli.
O Chelsea, por sua vez, inicia em um esquema 4-2-3-1. A principal mudança é no ataque, onde o jovem atacante Delap dá lugar ao recém-contratado atacante brasileiro João Pedro, que ainda está se adaptando ao time. Outro desenvolvimento notável é o retorno do meio-campo de elite Moisés Caicedo, de volta da suspensão após perder a partida contra o Palmeiras.
Também vale mencionar a forma do ponta-direita Pedro Neto, que jogou em quatro das cinco partidas do Chelsea até agora, marcando três gols e se destacando como um dos melhores jogadores da equipe nesta edição do Mundial de Clubes da FIFA.
Resumo da Partida
Os primeiros 45 minutos foram repletos de intensidade, marcados por velocidade, emoção e altas apostas. Logo no início, o ex-atacante do Fluminense João Pedro — agora vestindo o azul do Chelsea — abriu o placar com uma finalização espetacular de longa distância. Notavelmente, a finalização tinha um valor de expected goals (xG) de apenas 0,04, sublinhando seu brilho.
O primeiro tempo teve 10 finalizações totais: sete do Chelsea e três do Fluminense. Um dos momentos mais perigosos veio aos 26 minutos, quando Hércules se encontrou cara a cara com o goleiro. Sua finalização, com alto xG de 0,39, foi milagrosamente desviada da linha pelo lateral-esquerdo Marc Cucurella, em uma intervenção que se provou salvadora do jogo.
A controvérsia surgiu quando o Fluminense foi inicialmente premiado com um pênalti por uma mão na bola do defensor Chalobah. No entanto, após uma revisão, o árbitro reverteu a decisão, considerando que o movimento do braço foi natural.
O Chelsea dominou o momentum ofensivo no segundo tempo, especialmente nos primeiros 20 minutos, durante os quais manteve 68% de posse. Embora o Fluminense gradualmente tenha recuperado terreno, o tempo terminou com posse quase equilibrada. O Chelsea registrou 10 finalizações no segundo tempo, enquanto o Fluminense conseguiu 9 — quatro das quais vieram durante o tempo de acréscimo, refletindo o controle do time inglês, particularmente no início.
A partida terminou com estatísticas de posse bastante equilibradas: 54% para o Chelsea e 46% para o Fluminense. O time brasileiro registrou 12 finalizações totais, mas teve dificuldades com a eficiência, acertando o alvo apenas 3 vezes — uma taxa de conversão de apenas 25%. O Chelsea, por outro lado, demonstrou controle superior durante ambos os tempos, terminando com 17 finalizações e domínio consistente na posse e no jogo ofensivo.
Uma performance de destaque veio do atacante do Chelsea João Pedro, que — em uma reviravolta poética — marcou ambos os gols contra seu ex-clube. Ele foi implacavelmente eficiente, convertendo ambas as suas duas finalizações em gols.
Uma batalha individual intrigante se desenrolou na lateral entre o ponta do Chelsea Pedro Neto e o lateral-direito do Fluminense Guga. O atacante português saiu vitorioso, completando 4 de 6 tentativas de drible e vencendo 5 de 8 duelos. Guga, em comparação, venceu apenas 3 de seus confrontos.
Análise Tática
O Fluminense repetiu a formação usada contra Inter de Milão e Al Hilal (3-5-2) e adotou uma estratégia similar: defendendo em um bloco baixo, sem aplicar muita pressão alta, e procurando quebrar para frente em transição. O Chelsea, por outro lado, tomou a abordagem oposta — pressionando alto no terço ofensivo e vencendo a bola com sucesso em áreas perigosas, como visto na construção de seu gol de abertura.
Os mapas PPDA (Passes Permitidos por Ação Defensiva) ilustram claramente este contraste na abordagem. Eles mostram como o Chelsea aplicou pressão intensa em zonas avançadas, enquanto o Fluminense permaneceu compacto e mais recuado. Nestes mapas, quanto mais vermelha uma zona, maior a pressão; quanto mais azul, menor.
Comparação PPDA mostrando zonas de pressão defensiva para ambas as equipes.
Na marca dos 54 minutos, com o placar em 1–0, o técnico do Fluminense Renato Gaúcho fez uma mudança tática chave. Ele substituiu o zagueiro Thiago Santos pelo ponta Keno e mudou para uma formação 4-3-3. A nova linha de frente contava com Arias na direita, Cano pelo meio, e Keno na esquerda.
No ataque, o Fluminense concentrou seus esforços no flanco direito, de onde entregaram nove cruzamentos — principalmente através de Guga e, mais tarde, Soteldo, que entrou no segundo tempo. O Chelsea, por sua vez, focou mais de sua construção no lado esquerdo, com Pedro Neto se destacando como o cruzador mais ativo da equipe.
A construção de jogo do Chelsea se destacou por sua estrutura e variedade tática. O lateral-esquerdo Cucurella recuou para formar uma linha de três com os zagueiros, enquanto o lateral-direito Gusto avançou alto no campo como um ponta. Este movimento permitiu que Nkunku — nominalmente um atacante — se deslocasse centralmente e se juntasse ao meio-campo.
Nkunku assim formou um diamante no meio-campo ao lado de Enzo Fernández, Caicedo e Palmer, com Caicedo como o mais recuado, Palmer no papel avançado, e Nkunku apoiando ambos. Na esquerda, Pedro Neto espelhava o papel amplo de Gusto, enquanto João Pedro permanecia central como atacante. A imagem abaixo ajuda a ilustrar esta dinâmica ofensiva.
Formação ofensiva do Chelsea e marcações defensivas do Fluminense.
Esta imagem também destaca algumas das marcações defensivas individuais do Fluminense no meio-campo. Nonato foi encarregado de marcar Caicedo, Hércules marcou Enzo Fernández, e Bernal foi responsável por Cole Palmer. Estas responsabilidades de marcação individual são indicadas por setas na imagem.
Conclusão
Apesar de sua performance animada, a saga do Fluminense no Mundial de Clubes da FIFA chegou ao fim. O Chelsea, favorito com 81,3% de chance de chegar à final segundo a Opta, acabou correspondendo às expectativas — avançando para a final, onde enfrentará o Paris Saint-Germain.
Em uma partida repleta de batalhas táticas e execução de alto nível, a vantagem clínica do Chelsea fez a diferença. João Pedro, que começou sua carreira no Fluminense, interpretou o papel de quebrar corações ao marcar ambos os gols contra seu ex-clube — uma reviravolta poética que selou o caminho do time londrino para a final.
Mesmo na derrota, o Fluminense pode manter a cabeça erguida. Após eliminar gigantes como Inter de Milão e Al Hilal, o time brasileiro provou que pertence ao palco mundial. Com três vitórias, dois empates e apenas uma derrota — contra um dos elencos mais fortes da Europa — a campanha azarão do Fluminense será lembrada como uma das histórias mais surpreendentes e admiráveis do torneio.
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