Introdução

Nessa série de posts, traremos estatísticas acerca das principais contratações dos times da Série A do futebol brasileiro! Para isso, separamos os atletas em setores: ataque, meio-campo e defesa. Nesse primeiro post, falaremos sobre os atacantes que os clubes brasileiros investiram (alguns deles muito) dinheiro. Para um efeito de comparação melhor, também optamos por exibir alguns jogadores que não são contratações de 2024, justamente para comparar os novos atletas com outros já consolidados no futebol brasileiro.

As contratações

Nosso critério para seleção de atletas foi escolher o jogador contratado em 2024 com mais minutos do time por cada setor (com minutagem mínima equivalente a 8 partidas), sempre priorizando exibir os times que têm um poder aquisitivo maior e fizeram contratações mais relevantes na elite do futebol brasileiro. Os atletas selecionados para o setor ofensivo foram: Luiz Henrique (Botafogo), Felipe Anderson (Palmeiras), Gustavo Scarpa (Atlético-MG), Breno Lopes (Fortaleza), André Silva (São Paulo), Everton Ribeiro (Bahia), Gabriel Veron (Cruzeiro), David (Vasco), Soteldo (Grêmio), Wesley (Internacional), Rodrigo Garro (Corinthians), Yannick Bolasie (Criciúma), Lucas Barbosa (Juventude) e Gonzalo Mastriani (Athletico).

Alguns clubes não fizeram contratações para o setor ofensivo, enquanto outros fizeram, mas as contratações não jogaram mais do que o equivalente a 8 partidas. Em ambos os casos, não existe um jogador representando a equipe na comparação.

Análise e Comparação das Contratações

Os dados utilizados para estas análises são referentes exclusivamente ao Campeonato Brasileiro, abrangendo as partidas até a 29ª rodada. Vale destacar que, devido a adiamentos, nem todos os times disputaram 29 jogos.

Para iniciar a análise, utilizaremos dois gráficos que, embora tenham escopos semelhantes, oferecem diferentes perspectivas. O primeiro gráfico relaciona a quantidade de chutes com os gols esperados, proporcionando uma visão sobre a quantidade e a qualidade das chances que os jogadores recebem, em média, por partida. Já o segundo gráfico relaciona os gols esperados (xG) com os gols marcados, facilitando a análise sobre como os jogadores aproveitam as chances criadas. Nos dois gráficos (e no terceiro também), os jogadores contratados na atual temporada são representados em ciano, enquanto os pontos verdes indicam jogadores utilizados como referência.

O primeiro gráfico exibe linhas médias em ambos os eixos, o que ajuda a identificar os jogadores que estão acima ou abaixo da média em cada métrica, dividindo o gráfico em quatro quadrantes. Já no gráfico de Gols vs. xG, optou-se por uma única reta, que divide o gráfico em dois quadrantes: acima da linha estão os jogadores com mais gols que o esperado; abaixo da linha, aqueles que marcaram menos do que o esperado.

Gráfico 1. Gols Esperados em 90 minutos x Chutes em 90 minutos

Gráfico 2. Gols em 90 minutos x Gols Esperados em 90 minutos

  • Entre os jogadores contratados nesta temporada, Gonzalo Mastriani e Yannick Bolasie se destacam na quantidade de chutes e gols esperados. As suas estatísticas, nessas métricas, são semelhantes aos de outros jogadores que podem ser considerados os principais finalizadores de jogadas dos seus respectivos times, como Hulk, Pablo Vegetti e José López (Flaco López).

  • Também vale destacar a eficiência do centroavante do São Paulo, André Silva. Apesar de não ter uma quantidade muito alta de chutes e gols esperados, se destaca na quantidade de gols marcados, sendo o jogador mais distante da reta média e, portanto, pode ser considerado o “mais eficiente” entre as contratações mostradas.

  • Em contraste, Everton Ribeiro apresenta baixos valores nessas métricas relacionadas diretamente à finalização de jogadas. O que evidencia uma grande diferença entre ele e o resto dos atacantes sendo comparados. Everton Ribeiro, como veremos mais à frente, não é um jogador marcado pela participação direta na finalização das jogadas, e sim na construção delas. No gráfico, ele se encontra no quadrante inferior esquerdo, o que sugere menor participação tanto em chutes quanto na expectativa de gols em uma partida.

  • Embora não seja o foco principal desta análise, é importante mencionar o jovem Estevão, do Palmeiras. Embora não seja uma nova contratação, ele “surgiu” na elite do futebol brasileiro em 2024. Apesar de não ser centroavante, é um dos jogadores que mais finaliza, além de acumular altos números de gols esperados e gols por jogo. Isso é impressionante, considerando que ele tem apenas 17 anos e está em sua temporada de estreia no campeonato.

Por fim, escolhemos outro gráfico para visualizar a participação com bola e a quantidade de passes no terço final do campo. O interessante desta visualização, é que conseguimos “dividir” os jogadores em três grupos, em que é possível entender porque o jogador pertence a cada grupo de acordo com suas características individuais e do coletivo.

Gráfico 3. Passes Certos no Terço Final em 90 minutos x Toques na bola em 90 minutos

  • Os centroavantes de ofício, como Yannick Bolasie, Gonzalo Mastriani e André Silva, estão abaixo da média tanto na quantidade de toques na bola quanto nos passes corretos no terço final. Isso não é necessariamente um demérito, mas uma característica da função. Centroavantes tendem a receber menos a bola do que a maioria dos outros jogadores e, quando recebem, costumam ser muito pressionados, o que aumenta a chance de erro no passe.

  • Por outro lado, jogadores ofensivos mais construtores, como Rodrigo Garro, Gustavo Scarpa e Everton Ribeiro, estão acima da média nessas duas métricas. Everton Ribeiro, em especial, se destaca muito em relação aos demais, tanto por sua característica individual quanto pela forma como o Bahia o utiliza. O time o vê como uma peça-chave para a progressão ofensiva, aproveitando sua qualidade técnica superior, o que o torna o principal jogador na construção de jogadas e participação com a bola.

  • Entre eles, estão jogadores mais caracterizados pelo drible, como Wesley, Luiz Henrique, Lucas Barbosa e David. A interpretação é que, apesar de terem uma quantidade de toques e passes no terço final próxima à média, esses atletas fazem a progressão de maneira diferente dos construtores. Eles preferem avançar com a bola através de conduções rápidas e, em alguns casos, longas. Além disso, costumam estar mais envolvidos na finalização das jogadas, e, por isso, muitas vezes, depois de receberem a bola, não a recebem de volta na mesma jogada.

Conclusão

Em resumo, as contratações ofensivas dos clubes da Série A em 2024 revelam diferentes perfis de jogadores, refletindo as características específicas de cada equipe e suas necessidades táticas. Enquanto centroavantes de ofício, como Bolasie e Mastriani, se destacam pela finalização, ainda que com menor participação na construção das jogadas, jogadores mais criativos e construtores, como Rodrigo Garro e Everton Ribeiro, assumem um papel fundamental na progressão ofensiva. Já os atletas focados no drible, como Wesley e Luiz Henrique, trazem uma característica diferente, com maior ênfase na condução e drible. Essas distinções revelam como as equipes funcionam de forma diferente, seja por causa da realidade econômica, do resto do elenco, ou opção da comissão técnica.