Neste post, iremos fazer uma análise sobre as campanhas da seleção brasileira nas últimas duas edições de Copa do Mundo. O objetivo é descobrir se houve ou não algum tipo de evolução na seleção brasileira, e entender em que patamar essa equipe se encontrava nessas competições, tanto no contexto mundial quanto no continental. Para isso, vamos comparar o Brasil com as seleções destaques do último post (Espanha, Estados Unidos, Suécia e Inglaterra) e com outras seleções sul-americanas (Argentina, Colômbia em 2023, Chile em 2019).

Retrospecto Geral

Copa de 2019

Na Copa de 2019, a seleção brasileira caiu em um grupo com Austrália, Itália e Jamaica. O desempenho na fase de grupos foi bom: 2 vitórias em 3 jogos, marcando 6 gols e sofrendo 3 ao longo da primeira fase. Mesmo com a boa campanha, o Brasil avançou para o mata-mata em terceiro lugar, após um empate triplo no Grupo C (a vaga foi conquistada através do critério de melhores terceiros colocados).

Nas oitavas de final, o Brasil enfrentou a França em um jogo muito disputado. Apesar de um equilíbrio na posse de bola durante o tempo regulamentar, as brasileiras fizeram 12 finalizações, enquanto as francesas 5. A partida foi decidida apenas no segundo tempo da prorrogação, quando a França marcou o gol da vitória e encerrou a participação do Brasil na competição.

Copa de 2023

Na Copa de 2023, o Brasil teve uma campanha ainda mais curta e frustrante. Mais uma vez, a seleção brasileira terminou em terceiro lugar, agora do Grupo F, que contava com França, Jamaica e Panamá. As brasileiras conquistaram uma vitória e um empate em 3 jogos, mas, nessa edição, apenas os dois primeiros colocados do grupo se classificavam para o mata-mata.

Quando falamos que a campanha foi frustrante, não é para menos. Na última rodada da fase de grupos, o Brasil precisava apenas de uma vitória simples contra a Jamaica, um adversário que se classificou com um único gol contra o Panamá (que levou 11 na competição). Na teoria, a classificação parecia encaminhada. Na prática, o Brasil, apesar de um domínio gigante quando analisamos posse de bola, quantidade de passes e chutes, não conseguia aproveitar de forma satisfatória as diversas chances que eram criadas. O resultado disso não poderia ser outro: 0 a 0, e a Seleção Brasileira foi eliminada na primeira fase da competição.

Estatísticas entre Copas

Nessa seção, vamos analisar as participações brasileiras através de diferentes gráficos de dispersão. A ideia é conseguir comparar tanto a evolução (ou involução) de uma Copa para a outra, além de uma comparação geral entre campanhas de outras equipes.

Antes de começar a seção de análises e comentários, temos que dizer que, pelo fato da Copa do Mundo ser um torneio curto (e, infelizmente, as campanhas da seleção brasileira mais curtas ainda), algumas partidas acabam tendo um impacto grande nas métricas mostradas a seguir. Esse contexto deve ser levado em conta durante as análises.

Passes e Progressão

Analisando os passes e a progressão da seleção brasileira de 2019, é possível visualizar a baixa quantidade de passes progressivos por partida, estando consideravelmente abaixo da média. Em 2019, a seleção fazia uma média de aproximadamente 40 passes progressivos por partida, aproximadamente 20% menor do que a média das outras equipes. Além disso, é notória a evolução da Copa de 2019 para a de 2023, sendo uma das melhores seleções nesses quesitos.

- Os adversários do Brasil na América do Sul não se encontram bem-posicionados no gráfico, nem em relação às principais seleções europeias nem em relação ao Brasil.

- Em 2023, o Brasil melhorou em ambos os aspectos, com cerca de 30 conduções progressivas e quase 70 passes progressivos por jogo, revelando uma evolução significativa, com a equipe assumindo um perfil mais agressivo e progressivo em campo se comparado ao comportamento bem menos ofensivo da equipe em 2019. Na campanha de 2019, o Brasil realizava aproximadamente 20% menos passes progressivos do que a média das outras seleções.

Chutes e xG por chute

Para analisar a qualidade das finalizações das seleções, iremos utilizar o gráfico de chutes por partida vs. xG por chute.

- Novamente, o Brasil está melhor colocado do que seus adversários da América do Sul, indicando que existe uma grande vantagem por parte da Seleção Brasileira no seu continente.

- Apesar de uma quantidade muito maior de chutes por partida em 2023, o Brasil não teve uma melhoria considerável na qualidade das suas chances (gols esperados por chute). A estagnação nesse quesito foi, como falamos, determinante para a eliminação do Brasil ainda na fase de grupos.

- Como já comentamos, o fato da Copa do Mundo ser um torneio curto faz com que algumas partidas impactem muito as estatísticas. Nesse gráfico, temos um exemplo claro disso na quantidade de finalizações da Seleção Brasileira. Na segunda rodada da fase de grupos, contra o Panamá, o Brasil finalizou 33 vezes, marcando 4 gols na ocasião. Esse número de finalizações é maior do que a soma das finalizações nas outras duas partidas, mostrando que o confronto com o Panamá gera uma falsa sensação de que a equipe brasileira tinha a característica de chutar muitas vezes, sendo que isso foi um episódio isolado na competição.

Considerações finais e conclusão

A partir dos gráficos, podemos ver que o Brasil teve campanhas consideravelmente melhores que seus rivais na América do Sul, mas os principais adversários da Europa e da América do Norte (que tem um cenário nacional de futebol feminino muito mais consolidado) ainda têm uma grande vantagem.

Mesmo que as campanhas analisadas tenham sido curtas e, de certa forma, decepcionantes, o Brasil teve uma grande evolução após o ano de 2023. Em 2024, a seleção brasileira, agora comandada pelo técnico Arthur Elias, conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris, revelando para a equipe novas peças importantes, como a goleira Lorena e a zagueira Tarciane.

E assim, chega ao fim a nossa série de posts analisando a Copa do Mundo Feminina de 2023. Fiquem ligados, vem muito mais por aí!